Identificar um sonho, paixões, gostos e ideias é bem importante para iniciar um negócio, mas…
6 razões para ter um sócio
Superar os desafios do empreendedorismo e gerir uma empresa de forma eficaz no Brasil requer coragem. Ter um sócio comprometido e confiável pode facilitar muito essa tarefa. Com ajuda, a empresa se torna mais efetiva em oferecer soluções que beneficiam as pessoas no dia a dia.
No entanto, muitos empresários têm dúvidas ou receios em buscar um sócio para se juntar ao negócio. Neste artigo, vamos listar razões para ter um sócio em sua empresa e fornecer estratégias para aumentar as chances de sucesso e garantir segurança e longevidade nessa parceria. Também incluímos alguns casos de sociedades bem-sucedidas para enriquecer o conteúdo. Aproveite!
Por que ter um sócio?
Você já se perguntou se ter um sócio seria vantajoso para o seu negócio? Se sim, ou se essa dúvida já passou pela sua mente, aqui estão seis razões para considerar ter um sócio.
1.Melhorar a saúde financeira da empresa
Receber um aporte de capital é uma forma de impulsionar o crescimento, a sustentação ou a recuperação de um negócio. Existem várias maneiras de melhorar a saúde financeira de uma empresa. Ter um sócio pode ser uma boa opção. Ao vender parte das cotas da empresa para um sócio, é possível obter recursos financeiros e abrir novas oportunidades. Essa alternativa é mais econômica do que obter um empréstimo ou financiamento.
Além disso, ter um sócio pode trazer outras vantagens, especialmente se ele estiver interessado em participar da gestão do negócio. Isso porque existem diferentes tipos de investidores e nem todos estão dispostos a se envolver com a administração diária da empresa.
2.Somar forças e trazer ganhos ao negócio
Outra vantagem de ter um sócio no negócio é que ele pode ajudar a expandir a rede de contatos da empresa. Isso significa que há a possibilidade de conseguir novos clientes, fornecedores e até mesmo funcionários estratégicos através da rede de contatos dele.
3.Adicionar competências e fortalecer pontos fracos
Esse benefício vamos explicar com o exemplo dos empresários Jorge Paulo Lemman, Beto Sicupira e Marcel Telles que compõem uma sociedade empresarial exitosa há décadas.
Questionado sobre o segredo do sucesso, em entrevista a Endeavor Brasil, o Lemman disse: “Funciona bem porque complementamos um ao outro. Cada um respeita aquilo em que o outro é muito bom e, sem dúvida, juntos conseguimos fazer muito mais”.
No início, Lemman enfrentou dificuldades com seu primeiro negócio, uma financeira, que faliu em quatro anos. Isso aconteceu porque ele e seus sócios, todos formados nas melhores faculdades dos Estados Unidos, tinham habilidades semelhantes. Todos estavam focados em vender, sem se preocupar adequadamente com a administração. Essa experiência foi uma das primeiras lições de Lemman como empresário: um negócio precisa de pessoas com habilidades diferentes que possam complementar-se. Sem isso, a sociedade pode ser apenas uma desvantagem para o negócio.
Obviamente encontrar pessoas para construir uma sociedade sólida não é muito simples, contudo, uma boa escolha pode trazer muito know-how à empresa e permitir que pontos fracos sejam superados.
Na sociedade de Lemman, Telles e Sicupira, por exemplo, o primeiro é considerado o mais visionário e os últimos melhores administradores. É comum que empresários com talento comercial precisem de alguém com a mesma qualidade em outras áreas como, administrativo-financeira, de produção ou de logística/operacional, etc. Só assim a empresa será saudável.
4.Ter alguém para dialogar e construir em conjunto
Liderar sozinho pode ser muito desafiador. É importante ter em mente que a colaboração e a complementação de habilidades são fundamentais tanto no dia a dia da empresa quanto na elaboração de estratégias conjuntas. Embora a qualidade da equipe de colaboradores seja crucial, o comprometimento de alguém que possui participação acionária na empresa é diferente. Por isso, ter bons sócios, com quem se possa dialogar e enfrentar momentos difíceis no mundo empresarial pode fazer toda a diferença.
5.Melhorar a visibilidade perante o mercado e atrair novos investidores
Ter um sócio ou ser sócio de alguém pode melhorar a credibilidade da empresa no mercado e atrair novos investidores. Isso ocorre porque os investidores veem de forma positiva a presença de membros qualificados que provavelmente permanecerão mesmo em momentos difíceis, devido à sua participação acionária. Isso é considerado uma redução de riscos, especialmente para investidores que não desejam se envolver na gestão da empresa. Além disso, a divisão de tarefas na gestão da empresa permite que ela seja melhor representada no mercado. Cada sócio pode se conectar a diferentes redes de contatos que fortalecem o negócio, o que é mais difícil de alcançar quando se está sozinho.
6. Aliviar a folha de pagamento
Há uma diferença significativa entre a remuneração salarial e o pró-labore dos sócios. O último não está sujeito a horas extras, 13º salário, férias, FGTS e INSS, o que ajuda a reduzir os custos com a folha de pagamento. Dessa forma, os sócios trabalham visando melhorar a lucratividade da empresa e, com foco nos resultados do negócio, podem receber salários menores e focar na distribuição de lucros.
Como diminuir riscos e aumentar a longevidade da sociedade?
Ter um sócio pode trazer muitas vantagens, mas também envolve riscos, como, por exemplo, a existência de divergências em decisões importantes, controle da empresa fica dividido e problemas pessoais no relacionamento societário afetam a empresa. Esses riscos podem se transformar em desvantagens se não for possível gerenciá-los. No entanto, existem maneiras eficientes de aumentar as chances de sucesso. Essas estratégias podem ser divididas em três grupos, que são:
- escolher bem o sócio,
- estabelecer regras claras no acordo de sócios,
- negociar as cotas pelo valor justo.
Vamos falar mais sobre isso a seguir.
a) Saber escolher:
Ao buscar um sócio, é essencial estabelecer critérios de escolha, como capacidade técnica, competências complementares, confiabilidade e ética. É importante analisar cuidadosamente a trajetória profissional do candidato. Além disso, é fundamental que haja sintonia entre os sócios em termos de valores éticos, perspectivas de vida e visão geral para o negócio. Mas isso não significa que a escolha deva ser baseada apenas em vínculos afetivos, como amizade. Não é necessário ser amigo pessoal do sócio ou gostar dele como um “irmão”, mas é importante que ambos se respeitem e sigam as regras estabelecidas para a sociedade.
b) Ter regras claras:
É muito importante que existam consensos sobre o funcionamento da sociedade e que eles sejam formalizados. Nesse sentido, o acordo de quotistas ou acionistas é um instrumento indicado. Nele são formalizadas as regras de bom funcionamento acordadas entre os sócios. Alguns exemplos de temas que podem constar desse acordo:
- Regras de administração com papéis e responsabilidades bem definidos para cada sócio.
- Disposições quanto a participação de pessoas da família, etc.
- Eleição do administrador da sociedade;
- Divisão de lucros;
- Ajuste de voto nas reuniões ou assembleias (se necessário);
- Preferência sobre aquisição e valores de quotas;
- Estipulações de não concorrência;
- Entre muitos outros…
Não existe um modelo formal estabelecido para esse tipo de acordo, mas normalmente segue-se a estrutura contratual, com cláusulas, data e assinatura dos sócios. Esse documento é arquivado na Junta Comercial e, se o acordo for quebrado por qualquer parte, será possível recorrer ao poder Judiciário ou Câmara Arbitral, desde que exista cláusula que disponha sobre isso (cláusula arbitral).
Embora não seja uma exigência legal, o acordo de quotistas equilibra o relacionamento societário ao regulamentar aspectos não previstos no contrato social e que impactam o bom funcionamento da empresa. Além disso, esse acordo pode acompanhar as mudanças do negócio na medida em que é possível revê-lo com mais facilidade do que se tem para alterar o contrato social.
Outra estratégia extremamente funcional para garantir que as regras sejam claras e se cumpram é estabelecer algum nível de governança corporativa. Deve-se garantir pelo menos uma governança mínima com reuniões de sócios para tomar decisões, avaliar resultados e apresentar contas.
Se for possível, é útil contar com um conselho consultivo ou um conselheiro/mentor neutro que possa ajudar em eventuais divergências.
c) negociar as cotas pelo valor justo
O valuation pode contribuir muito para uma sociedade sólida. Saber o valor da empresa e, logo, de suas cotas é um elemento muito favorável para a busca por um sócio. A possibilidade de apresentar um valor justo e defensável pode atrair investidores e dar segurança ao futuro sócio.
Ao dar mais transparência aos dados e informações, a avaliação da empresa também diminui o risco de, no futuro, depois da adesão do novo sócio à operação, qualquer uma das parte considerar o valor pago inadequado. Os cuidados para preservar o relacionamento dos sócios a benefício da própria gestão deve começar desde a fase de negociação e aquisição.
O que um sócio precisa ter? Conheça algumas sociedades de sucesso e saiba como esses sócios se encontraram
Anteriormente, já falamos sobre a bem-sucedida sociedade do trio de investidores Lemann, Telles e Sicupira. Mas, você sabe como eles se conheceram?
Essa história de sucesso começou a ser desenhada na década de 1970, quando Lemann fundou a corretora Garantia. Os outros dois trabalhavam na empresa quando se tornaram sócios do negócio que se tornou um banco de investimento. A partir de então, o foco dos três tem sido comprar grandes empresas com dificuldades e reerguê-las por meio da gestão focada na meritocracia, simplicidade e busca incessante por redução de custos.
Em pouco mais de 40 anos, o trio alavancou um império de destaque nacional e internacional. Eles são donos de marcas como: Lojas Americanas, Brahma (dando origem à Ambev), AB InBev, Burger King, e Kraft-Heinz.
E você já ouvir falar de Charlie Munger? O mais provável é que você conheça o sócio dele, o americano Warren Buffett. Sim, Munger é o braço direito do maior investidor de todos os tempos. Eles são sócios na Berkshire Hathaway, empresa de investimentos fundada na década de 1960 e que, atualmente, detém participações em dezenas de companhias como Apple, Coca-Cola, Visa e Kraft-Heinz.
Munger era advogado quando conheceu Buffett em um jantar, em 1959. Buffet o convenceu a abandonar o Direito e tornar-se um investidor. Nascia ali uma das duplas mais conhecidas no mercado financeiro do mundo. Embora discreto e talvez menos conhecido, o próprio Buffet já declarou a órgãos de imprensa sobre a excepcional participação de Munger em sua carreira.
Kraft-Heinz: o negócio em que Buffet e Lemann se cruzaram
E não é que as carreiras desses dois investidores visionários, Lemman e Buffet, se cruzaram? Eles se conheceram em 1998 e fizeram seu primeiro negócio juntos em 2013, quando a Heinz foi adquirida por parte da 3G Capital, empresa de investimentos do trio brasileiro.
Depois, em 2015, a Berkshire e a 3G Capital voltaram a se aliar quando os negócios da empresa de alimentos Kraft Foods foram combinados com os da H.J. Heinz. O grupo brasileiro controla cerca de metade da companhia Kraft Heinz e Berkshire tem participação de 26,7%.
Conclusão
Nesse artigo, exploramos os vários pontos positivos que podem lhe estimular a ter um sócio. Mas também oferecemos dicas para buscar um sócio com êxito e garantir qualidade e perenidade a essa parceria. Para isso, apresentamos diretrizes para escolher um sócio e tratamos de instrumentos que ajudam na gestão da sociedade, como: o valuation, o acordo de acionistas ou quotistas e ações básicas de governança corporativa.
E, claro, apresentamos algumas histórias de sucesso em parcerias societárias. E você, já analisou com cuidado se ter um sócio pode ser importante para sua empresa? Se quiser conversar mais sobre isso entre em contato conosco. Temos um time de especialistas com bastante experiência nisso e que pode te ajudar!
Comments (0)